Em momentos de crise, a política de um país pode ser comparada a comportamentos instintivos da natureza.
Assim como um cão protege seu osso com todas as forças, a FRELIMO, partido dominante em Moçambique, mostra-se determinada a manter o poder, independentemente dos meios empregados. Este artigo reflete sobre as denúncias e eventos recentes relacionados às eleições gerais de 2024, que expõem desafios graves à democracia no país.
Eleições de 2024: Um Cenário de Controvérsias e Denúncias
As eleições gerais realizadas em 9 de outubro de 2024 revelaram um cenário tenso e polarizado. Apesar das expectativas de uma transição democrática, diversas denúncias apontam para irregularidades graves, incluindo falsificação de resultados eleitorais, repressão de opositores e uso do aparato estatal para controlar o processo.
De acordo com fontes e documentos divulgados, os resultados oficiais favoreceram a FRELIMO e seu candidato, Daniel Chapo, enquanto o líder da oposição, Venâncio Mondlane, amplamente reconhecido como vencedor pelas atas originais, viu sua vitória ser questionada.
Denúncias de Perseguição e Ameaças à Oposição
Venâncio Mondlane, candidato do partido Podemos e figura central na oposição ao governo frelimista, foi alvo de uma tentativa de assassinato em Joanesburgo, África do Sul. O ataque, atribuído a agentes dos serviços secretos moçambicanos, revela o ambiente hostil enfrentado por líderes opositores.
Além disso, relatos indicam que esquadrões da morte foram mobilizados para capturar ou eliminar Mondlane, oferecendo recompensas substanciais por informações sobre seu paradeiro. Esses grupos, supostamente coordenados por altos escalões da polícia, operam de forma a evitar testemunhas, preservando o anonimato de seus mandantes.
Manipulação do Sistema Eleitoral e Estratégias de Controle
Uma das acusações mais graves refere-se à manipulação dos resultados eleitorais. Apesar de cópias das atas das mesas de voto indicarem uma vitória expressiva de Mondlane (75,81%), a Comissão Nacional de Eleições (CNE) declarou Chapo como vencedor com apenas 11,61% dos votos.
A CNE alega que as atas originais foram roubadas, impossibilitando a validação do processo. Enquanto isso, o Conselho Constitucional (CC) mantém-se inerte, sem homologar os resultados. A estratégia parece clara: prolongar o controle da FRELIMO sobre o governo, enquanto se prepara para uma eventual repetição das eleições.
O Clamor Popular e a Possibilidade de Conflito
A frustração popular cresce à medida que decisões controversas são tomadas. O risco de protestos em massa é alto, e o governo já reforçou sua estrutura de segurança, incluindo tropas ruandesas, para conter possíveis revoltas.
Paralelamente, Mondlane enfrenta um cerco jurídico e financeiro, com contas bancárias congeladas e acusações de incitação à violência. Estas medidas têm como objetivo limitar sua capacidade de liderar movimentos de oposição, deixando o cenário político ainda mais desequilibrado.
O Futuro da Democracia em Moçambique
A crise atual reflete uma luta pelo poder que ultrapassa os limites éticos e democráticos. O futuro de Moçambique depende de uma solução justa, transparente e que respeite a vontade popular.
Enquanto o país enfrenta este momento crítico, é essencial que a comunidade internacional, organizações civis e cidadãos continuem atentos e mobilizados. A preservação da democracia requer esforços coletivos, sobretudo em momentos de instabilidade política.